
Casa da Lavoura de Jacareí
Por Cleusa Pinheiro – Jornalista – Centro de Comunicação Rural (Cecor/CATI) – cleusa@cati.sp.gov.br
A história começou em 1942, com as Casas da Lavoura, se consolidou em 1967, com a criação da CATI, e segue avançando em 2017.
Muitos costumam dizer que elas são as portas de entrada do trabalho de extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Mas ao analisarmos a história das Casas da Agricultura, é possível atestar que elas também são portas de saída: do conhecimento gerado pela pesquisa; de novas tecnologias de manejo, mecanização, comunicação; de boas novas que geram renda, emprego e qualidade de vida, materializados por meio de políticas públicas, crédito rural, programas e projetos, os quais nos últimos anos têm sido construídos ouvindo os anseios e identificando as necessidades dos agricultores familiares, público prioritário do trabalho realizado nessas unidades. Ou seja, elas são um Portal, por onde a realidade do mundo rural entra e as tecnologias, ações, projetos e políticas públicas da Secretaria da Agricultura saem para consolidar o desenvolvimento rural sustentável em São Paulo.
Mas para falar desse trabalho (grandioso), que hoje é realizado em todo o Estado, é preciso resgatar um pouco da história que começou em 1942. No livro Agricultura Paulista: uma história maior que 100 anos está relatado que, para a ampliação da rede de assistência técnica da Secretaria da Agricultuta, seria fundamental a presença, em cada município, de um agente da agricultura, em estreita colaboração com as Comissões da Agricultura, que eram órgãos informativos dos fatos de ordem econômica e social de cada município do Estado. Surgiu então, nesse momento, a figura do agrônomo regional que teve como precursor, nos primórdios da Secretaria, a pessoa do inspetor dos distritos agrícolas.
Nesse contexto, então, o ano de 1942 marca o início da descentralização da assistência técnica entre os órgãos ligados à Secretaria da Agricultura, que é consolidada com a criação das Casas da Lavoura, que se tornaram a base de todo o trabalho de assistência técnica aos agricultores e de difusão de tecnologias. Com essas unidades, de acordo com relatos históricos, foi possível encurtar as distâncias que levassem ao conhecimento sobre a produção agropecuária e fomentar a introdução de novas culturas em solo paulista.
Em seu início, as Casas da Lavoura não possuíam programação ou metodologia bem definidas, por isso as características pessoais de cultura, iniciativa e liderança dos técnicos encarregados eram determinantes para o sucesso das ações.
Criação da CATI: ampliação da atuação das unidades
Com a criação da CATI, em 1967, órgão no qual se centralizam as ações de assistência técnica e extensão rural, as Casas da Lavoura passam a se chamar Casas da Agricultura, com ampliação de suas funções, expressa no novo nome, haja vista que o termo agricultura está relacionado a tudo o que envolve o meio rural.
Hoje, a instituição tem em seu organograma 594 Casas da Agricultura, agregadas em 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), as Regionais da CATI, como são conhecidas. “Por meio do trabalho realizado nas Casas da Agricultura, que consideramos o braço que chega efetivamente ao produtor rural, temos levado às famílias rurais políticas públicas, executado projetos e realizado ações que têm gerado emprego, renda e qualidade de vida às pessoas do meio rural, contribuindo para o desenvolvimento sustentável no campo, a contenção do êxodo rural e a disponibilização de alimentos que garantam a segurança alimentar da população e o acesso a bens essenciais para a vida como o solo, a água e a energia”, avalia João Brunelli Júnior, coordenador da CATI.

Fachada da Casa da Agricultura
Na década de 1990, no contexto da reorganização da proposta de trabalho da instituição, foi estabelecido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da CATI, um convênio com prefeituras municipais, por meio do qual foi feita uma descentralização da tomada de decisões e uma concentração de esforços, recursos estaduais, municipais e da comunidade. “Para que essa parceria de municipalização fosse concretizada foram estabelecidas como diretrizes a criação de Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, elaboração de Plano Plurianual (aprovado por esses Conselhos) e a criação de um órgão municipal ligado à agropecuária, podendo ser Secretaria de Agricultura, Departamento ou similares. Mas a grande mudança foi a disponibilização de recursos do Estado para que as prefeituras que aderissem ao Sistema Estadual Integração de Agricultura e Abastecimento (SEIAA), conhecido como “Municipalização”, contratassem funcionários técnicos para as Casas da Agricultura, com o objetivo de otimizar o trabalho realizado nessas unidades”, comenta o coordenador da CATI. Atualmente, o SEIAA está implantado em 193 municípios (32,5% da rede CATI), com um total de 316 técnicos contratados via convênio.
Edificações das Casas da Agricultura
Quando foram criadas, a maioria das Casas da Lavoura, as quais não foram estabelecidas em todos os municípios em um primeiro momento, não tinha edificações próprias. Muitos técnicos ficavam em locais alugados ou cedidos pelas prefeituras.
O primeiro edifício construído para abrigar uma Casa da Lavoura no interior do Estado foi o de Jacareí (atual Casa da Agricultura de Jacareí, ligada à CATI Regional Pindamonhangaba), inaugurado em 7 de setembro de 1943, em um terreno doado pela prefeitura municipal. “Somente uma minoria, como é o caso das Casas da Lavoura de Jacareí, e de Casa Branca, inaugurada na década de 1950 (que atualmente integram, como Casas da Agricultura, as CATI Regionais Pindamonhangaba e São João da Boa Vista, respectivamente), funcionava em prédios próprios”, explica Ypujucan Caramuru Pinto, coordenador substituto da CATI e diretor do Departamento de Comunicação e Treinamento, que frequentava a Casa da Agricultura de Casa Branca na adolescência, para comprar sementes para o avô.
A maioria das edificações das Casas da Agricultura, que hoje integram a rede CATI, está datada da década de 1960, mais precisamente entre os anos de 1960 e 1962, quando o governador Carvalho Pinto destinou recursos do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo (Ipesp) para a construção.
Atendimento nas Casas da Agricultura
Os números de atendimento diretos, prestados pela CATI, evidenciam que o trabalho da instituição é muito importante para o seu público beneficiário. São realizados, em média, 26 mil atendimentos mensais em toda a rede CATI.
- Casa da Agricultura de Ibitinga
- Casa da Agricultura de Batatais
- Casa da Agricultura de Cândido Rodrigues